terça-feira, 11 de agosto de 2015

Princípios da Comunhão



  Comunhão: GR. Koinonia – é o compartilhamento de uma mesma coisa, companheirismo ou parceria com outros baseado em algo que se tenha em comum. Nós como cristãos compartilhamos a mesma fé, a fé em Cristo, que nos leva a ter comunhão com Deus e entre nós mesmos.
Quando Deus criou o homem Ele compartilhou sua imagem e sua semelhança, assim os dois tinham comunhão, é complexa a descrição literal de “imagem e semelhança”. Mas o fato é que possuíam algo em comum,  esta comunhão se expressa de várias formas no relacionamento pré-queda, como no diálogo que era mantido entre os dois, e na preocupação de Deus sobre o estado solitário de  Adão.
Pessoas que tem comunhão dialogam entre si, olham nos olhos uma das outras;
Pessoas que tem comunhão se preocupam umas com as outras e são gratas a atenção dada aos seus problemas. Adão foi grato a Deus pela esposa que recebeu, percebe-se pela declaração que fez - E disse Adão: Esta é agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne; esta será chamada mulher, porquanto do homem foi tomada – Gn. 2.23.
As pessoas não precisam ser iguais para terem comunhão, e sim compartilhar dos mesmos ideais. Comunhão não quer dizer relacionamento entre iguais, e sim compartilhamento de uma mesma coisa. Gn. 3.22. – Quando o homem quis se tornar igual a Deus, perder a comunhão.
O exemplo mais claro disso é o que Paulo dá a respeito do corpo, os membros são diferentes uns dos outros, porém possuem comunhão compartilhando das mesmas diretrizes vindas da cabeça, compartilham da mesma vida. ICo 12.12-27

A importância do sacrifício:
Com a queda o homem perde a comunhão com Deus, pois deixa de compartilhar dos mesmos pensamentos e ideais.  Com isto surge a necessidade de se estabelecer o sacrifício para haver um restabelecimento da comunhão com Deus, embora não fosse como antes, pois a mesma estava comprometida pela força do pecado.
Aquele que pode ser considerado como o primeiro  ato sacrificial, foi realizado pelo próprio Deus quando utilizou peles de animais para cozer roupas para Adão e Eva-Gn. 3.21, qorban uma palavra hebraica para sacrifício ou oferta tem o sentido de trazer para perto, o homem se envergonhou de Deus, pois percebeu que estava nu isto o distanciava d’Ele, as roupas restabeleceram a proximidade. Entenda que para isto foi necessário o sacrifício de um animal.              
No caso de ofertas pacíficas, as partes restantes do animal  abatido eram ingeridas pelos sacerdotes e pelos adoradores na refeição do sacrifício, essa refeição era considerada uma forma de comunhão com o Senhor, assim o homem e Deus voltavam a compartilhar de um mesmo ser.
Há pelo menos duas ocasiões especiais em que o texto sagrado nos revela que Deus prefere outras formas de culto do que o sacrifício, sendo elas a obediência e a misericórdia.
Obediência: As declarações de Paulo sobre as facções existentes em Corinto em sua primeira carta endereçada a estes no capítulo 1 e versículo 10, nos revelam uma insubmissão e desobediência a quem os liderava naquele momento. A obediência a um líder quando realizada de maneira leal revela a fidelidade que existe em um liderado, isto demonstra que existe comunhão entre as partes, pois compartilham das mesmas ideias.
O compartilhamento de ideias na Igreja muito agrada a Deus, a comunhão entre os seus servos demonstra sabedoria e maturidade espiritual.
... e eu, de Cristo, o grupo que se declarava assim parece ser o mais insubordinado e desobediente, é o caso de muitos “cristãos” da era pós-moderna, para não se submeterem a nenhuma autoridade humana, argumentam obedecerem diretamente e somente a Cristo, esquecendo-se que o Senhor sempre constituiu autoridades eclesiásticas a quem outorgava o dever e o direito de pastorear aquelas que são verdadeiramente ovelhas - Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela; E eu te darei as chaves do reino dos céus; e tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus.
Mateus 16:18,19 - Disse-lhe terceira vez: Simão, filho de Jonas, amas-me? Simão entristeceu-se por lhe ter dito terceira vez: Amas-me? E disse-lhe: SENHOR, tu sabes tudo; tu sabes que eu te amo. Jesus disse-lhe: Apascenta as minhas ovelhas. João 21.17 - Lembrai-vos dos vossos pastores, que vos falaram a palavra de Deus, a fé dos quais imitai, atentando para a sua maneira de viver. Hebreus 13.7.

Em I Samuel capítulo 15 versículo 22 e 23, o profeta faz uma notificação a Saul - Porém Samuel disse: Tem porventura o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios, como em que se obedeça à palavra do Senhor? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar; e o atender melhor é do que a gordura de carneiros.
Porque a rebelião é como o pecado de feitiçaria, e o porfiar é como iniquidade e idolatria. Porquanto tu rejeitaste a palavra do Senhor, ele também te rejeitou a ti, para que não sejas rei.
O primeiro pecado foi o de Satanás, justamente por uma ação que envolvia desobediência, insubordinação e rebelião, o homem perde a comunhão com Deus quando desobedece a uma ordem expressa.  Saul incorre no mesmo erro, O Senhor havia dado uma determinação que se destruíssem os amalequitas e tudo que estes possuíam, porém com o pretexto de se oferecer sacrifícios ele poupa animais, o que é duramente repreendido por Deus através do profeta Samuel como exposto anteriormente. 
A obediência a uma autoridade familiar ou eclesiástica, na maioria dos casos está intimamente ligada ou é propriamente obediência a Deus, pois estes representam ou falam em nome de Deus, quando a nação israelita pede a Samuel um rei e este se entristece pela rejeição do povo, o Senhor diz a ele: Ouve a voz do povo em tudo quanto te dizem, pois não te têm rejeitado a ti, antes a mim me têm rejeitado, para eu não reinar sobre eles – I Sm. 8.7.

Misericórdia: Oséias 6.6; Mt. 9.13; Mt. 12.7; Mateus 5.24; Marcos 12.33;
Porque eu quero a misericórdia, e não o sacrifício; e o conhecimento de Deus, mais do que os holocaustos. Oséias 6:6 ACF.
Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de entranhas de misericórdia, de benignidade, humildade, mansidão, longanimidade, Colossenses  3.12.  

No NT, a palavra misericórdia é a tradução da palavra grega eleos, ou piedade, compaixão, misericórdia e oiktirmos, isto é, “companheirismo em meio ao sofrimento” Fp 2.1; Cl 3.12; Hb. 10.28.
No AT, este termo representa duas raízes distintas: rehem, que pode significar maciez, “o ventre”, referindo-se portanto, à compaixão materna - I Rs 3.26 – entranhas, e hesed, que significa força permanente (Sl 59.16; 62.12; 144.2) ou mútua obrigação ou solidariedade das partes relacionadas – portanto lealdade.
Lealdade - é sobre isso que Paulo está falando no vs. 10 de I Co 1, ...sejais unidos, em um mesmo sentido ARC, ...estejam unidos num só pensamento NVI, ...sejais inteiramente unidos, na mesma disposição mental ARA.

A misericórdia e a obediência são frutos do amor:
A comunhão deve ser estruturada no amor, tudo o que for dito sobre obediência e misericórdia não serão alcançados se não forem frutos do amor, no primeiro capítulo de sua carta a Igreja de Corinto  Paulo vai contrastar a sabedoria humana com a divina.
O fator distintivo entre as duas sabedorias é a sua fundamentação, a sabedoria humana é estruturada na razão, todas as ações de sabedoria terrena são baseadas na argumentação lógica. Daí os homens naturais considerarem o evangelho, a mensagem da cruz, como loucura - I Co 1.18, não existe nenhum razão para alguém que é puro, inocente, poderoso, entregar-se a morte por pecadores.
Nos relacionamentos aplicamos sempre a razão, em nossas argumentações encontramos razões para termos atritos, para falarmos em um tom mais elevado e até para rompermos relacionamentos. Estamos certos em nossa razão, mas tristes e frustrados, é uma vitória que nos faz sentirmos derrotados, essa sabedoria é loucura para Deus I Co 12.25.
Ø  Pessoas que tem razão estão terminando seus casamentos;
Ø  Pessoas que tem razão estão ficando longe dos filhos;
Ø  Pessoas que tem razão estão abandonando suas igrejas;
Ø  Pessoas que tem razão estão matando outras pessoas.
Esta era a causa das dissensões entre os crentes da igreja de Corinto, seus relacionamentos eram baseados na sabedoria humana, na pura razão e argumentação lógica.
A razão impede o nosso desenvolvimento espiritual I Co 3.1-5.
Já a verdadeira sabedoria é fundamentada no amor, o amor não busca seus próprios interesses I Co 13.5, mas se preocupa com o próximo isto é misericórdia, isto é comunhão compartilharmos dos sofrimentos uns dos outros e também da mesma alegria. A sabedoria divina nos traz paz e alegria, precisamos nascer de novo para sabermos viver sob a ótica da sabedoria divina  e em comunhão.




                                          Bibliografia. A Bíblia Sagrada: Antigo e Novo Testamento (tradução de João Ferreira de Almeida) 4º edição Revista e Corrigida 2009;  A Bíblia Sagrada: Antigo e Novo Testamento - NVI;  A Bíblia Sagrada: Antigo e Novo Testamento - ACF;  A Bíblia Sagrada: Antigo e Novo Testamento - ARA; Wyclife, dicionário bíblico; 





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